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Para as gerações “baby boomer” e “X”

Calma, calma, o título não é motivo de pânico. Fiquem tranquilos, não vou inundar essas linhas com ataques politicamente corretos, demonizando a sua geração, a sua idade cronológica, os seus valores ou a sua forma de pensar.

Por Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.

Não vou cobrar nenhuma espécie de comportamento para que você passe a agir de forma A ou B. Muito pelo contrário, caso seja você um “baby boomer/ X”, encontrará aqui um refúgio de compreensão. Um alento diante dos intermináveis ataques ao seu estilo de trabalhar e administrar, movido por revistas especializadas e especialistas em gestão empresarial.


Sim, caros leitores, o “baby boomer/ X” faz parte da categoria das minorias perseguidas. No caso, perseguido pela ditadura do politicamente correto e pelo movimento da novidade permanente.

Ele precisa viver no armário corporativo, fazendo de tudo para ser reconhecido, se não como um cara legal, democrata, agregador de equipes, liberal facilitador, estimulador socioambiental etc etc etc (paro por aqui, pois a lista de clichês seria interminável), ao menos como um gestor diferente, cheio de particularidades e uma personalidade toda própria.

Porém, caso o seu disfarce não seja eficiente, terá que enfrentar as hordas “geraciofóbicas”, mas com o infortúnio de não poder contar com grupos parlamentares em defesa dos seus direitos, nem com ONGs forradas com advogados para defendê-los ou efetivar reivindicações constitucionais.

Não é fácil a vida dessa geração. Seu legado não é reconhecido, (Isso quando é conhecido), sua experiência é tida como descartável, e quando ele conta que viu muitos colegas, competentes e bem formados perderem o emprego ou falirem nas crises econômicas e que é preciso tomar cuidado, pois a história sempre se repete, recebe de volta um olhar torto de quem não está nem acreditando e muito menos entendendo.

Afinal de contas, para muitos dos seus sucessores geracionais, crises econômicas, ou falência empresarial são coisas do passado, e jamais voltarão a existir. Há ainda o grupo dos radicais que encaram qualquer ponderação saldável sobre o futuro do Brasil, como “puro pessimismo baby boomer/ X”, pois sabem que o destino do pais é um céu de brigadeiro interminável, rumo ao eterno nirvana da prosperidade econômica e social e nada jamais poderá nos deter.

Diante desse contexto difícil, pensamos em algumas dicas práticas pata atenuar a vida desse pobres perseguidos, proteger sua empregabilidade e sobrevivência profissional.

Vamos lá:

1) Jamais revele a sua idade, e nunca em hipótese alguma, diga que um dia na sua vida declarou o seu telefone no imposto de renda;

2) Mesmo que a sua empresa tenha apenas 6 funcionários, e que o escritório se resuma a pouco mais de quarenta metros quadrados de área, promova o desenvolvimento de programas corporativos socioambientais. Depois invista pesado em uma consultoria para montar um “case” a respeito, para em seguida publicar o feito e concorrer a prêmios classificatórios do tipo: As Melhores Empresas para (…);

3) Cuide do visual. Jogue fora todas as gravatas e outras roupas que caracterizem a sua geração. Consulte um guia moderno de moda para obter orientação não apenas sobre as roupas, mas também para fazer um corte de cabelo mais adequado;

4) Faça um exercício de revisão do seu repertório. A partir disso, passe a aplicar expressões como “uma visão agregadora de equipe é fundamental”; “legal isso é super socioambientalmente estimulante”; “não quero ser chefe mas um líder agregador” de forma aleatória e a cada intervalo de cinco frases proferidas;

5) Compre um boné e use ele com a aba virada para traz;

6) Mude a postura ao se sentar na cadeira de trabalho, e adote o hábito de recolher um dos pés para ele fique entre você e o assento;

7) Eventualmente faça questão de trabalhar com o seu Laptop sentado no chão, argumentando que assim a sua cabeça fica mais livre para pensar;

8) Abandone o seu carro, e não se permita usar nem metrô e nem o taxi. No lugar compre uma bicicleta, mesmo que tenha que percorrer muitos e muitos quilómetros, vias problemáticas e regiões perigosas;

9) Passe a fazer parte de pelo menos 6 redes sociais diferentes. Não é necessário atuar em todas, mas comunique isso aos seus colegas, concentrando a sua atuação naquelas onde eles estão mais presentes;

10) Rotineiramente afirme que já está abandonando o uso do e-mail, por ser um recurso cada vez mais ultrapassado.

Ironia e cinismo a parte, penso que tão importante quanto tratarmos das questões sociais ou ambientais, que são sérias e necessitam sim de nossa mobilização, precisamos nos livrar dos preconceitos, da eterna dificuldade de entender e aceitar as pessoas como elas realmente são.

É evidente a importância da atualização permanente diante das novas tecnologias e conceitos, mas também é necessário aprimorar o nosso raciocínio crítico, compreendendo que nem toda novidade é necessariamente ótima, ou revolucionária.

Mais do que isso, entender que as diferenças enriquecem, e que a experiência não pode ser renegada.

Boa sorte.

A Plataforma Brasil Editorial atua como uma agência independente na produção de conteúdo e informação.

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