Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.
Caro leitor, por favor não me jogue pedras, é evidente que não quero atrasar a sua vida em dois anos, mas a realidade precisa ser encarada. E de frente.
Contudo, caso não esteja acompanhando as análises econômicas (praticamente unânimes) e os prognósticos de alguns destacados representantes da classe empreendedora brasileira, eu mesmo afirmo com segurança: provavelmente não enfrentaremos nenhum vendaval, mas certamente atravessaremos uma boa ventania antes de nos depararmos com um ano novinho em folha, onde poderemos avançar com segurança.
Sim meu amigo, considerando o ano atual, estagnado diante do marasmo econômico e em ponto morto por causa das eleições e da expectativa do impacto (político e econômico) da copa, o próximo (2015) será o ano dos ajustes difíceis.
Nada mais natural, depois da euforia dos últimos anos, e das bobagens governamentais que desestabilizaram o processo econômico, o dever de casa grita para ser feito. E então, caso sejamos bem sucedidos nos ajustes e sortudos diante das políticas do novo governo que virá (seja ele encabeçado por quem quer que seja), teremos um 2016 mais interessante. Convenhamos já era hora.
Sendo assim, e conscientes de que dois anos passam muito rápido, e é claro, sem deixar de lado as oportunidades que todas as fases difíceis também nos trazem – principalmente para empresas pequenas com grande participação de mercado para se conquistar – listamos abaixo alguns cuidados e precauções para enfrentarmos a ventania que se aproxima.
1. Não deixe de investir, é nessa hora, em que os ativos se depreciam em valor que se aproveita para apostar no futuro (isso sem dúvida funciona melhor, caso você tenha tomado o cuidado em manter alguma liquidez de recursos);
2. Separe claramente o que é investimento do que é custeio (gastos correntes). Isso é fundamental para uma gestão financeira eficiente – que por si só é essencial em qualquer época, mas nas fases difíceis torna-se vital;
3. Controle os custos com rigor. Em épocas de trovoadas, não se gasta com o que não é necessário (por isso você separou o custeio do investimento, lembra?). Um bom caminho é combater hábitos de consumo desnecessários. A velha e rasgada pergunta sempre será útil: “Nós precisamos mesmo disso?”;
4. Fuja das soluções cosméticas e das modinhas de gestão. A hora é de assertividade, objetividade, eficiência e boas métricas;
5. Deixe um pouquinho de lado essa chatice da ditadura do politicamente correto e endureça o seu coração. Sim, descarte colaboradores incompetentes. Simples assim. É duro? Sim, mas quem disse que não seria em algum momento?
6. Ajuste o seu planejamento. Observe se ele não está muito distante do cotidiano operacional (a frente de batalha), e corte as costumeiras gorduras retóricas. E a propósito, aproveite para nunca mais permitir que retornem ao documento. Este precisa ser levado a sério e operado como um instrumento de gestão constante.
7. Se sentir necessidade, calibre o posicionamento do seu negócio. Ajuste linhas de produtos e serviços e avalie criticamente a política de preços. Caso conclua que existe a necessidade de mudanças muitos fortes, implemente-as. Essa é a hora. Lembre-se, você precisa sobreviver ao desembarque para atingir a praia em 2016.
8. Mantenha o ânimo e não desista dos seus sonhos. Esta não será a última crise que enfrentará. Siga em frente, sem esquecer do aprendizado que ela vai gerar.
Até o próximo.