Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.
Caros leitores, por favor, não me lancem pedras antes ler a minha argumentação. Os politicamente corretos adorariam me confinar em um gulag tropical para reeducação social, mas digo que não necessito disso e, além do mais, enquanto a democracia e o seu principal pilar que é a liberdade de expressão existirem, não me calarei.
Para começar, pondero que ao defender o valor econômico da ambição, refiro-me a uma dinâmica onde o processo é justo, sério e dotado da ética necessária para o distanciamento total da ilegalidade – e é claro que espero mais do que isso, mas crer na construção de uma sociedade perfeita é um tanto utópico demais e portanto prefiro me conformar com o campo do possível. Vamos lá.
A bota do pensamento único pouco a pouco nos impõe um molde. Nele não há espaço para críticas, para a real diversidade de pensamento e quem tenta fugir do padrão estabelecido da “luta social pela igualdade” imediatamente recebe o seu carimbo, que sempre objetiva o estigma, a discriminação. Com isso empobrecemos no campo das ideias, e consequentemente no universo da inovação e do progresso (oh, essa palavra feia). Contudo, não foi dessa forma que as grandes civilizações e as grandes nações se fizeram e se fazem – inclusive retirando milhares de pessoas da linha de pobreza e penúria material.
Sugiro ao leitor uma viagem pelo mosaico de conteúdos veiculados em toda a mídia – e é bom deixar claro que defendo uma imprensa que possa sempre veicular o que bem entender – para em seguida, se tiver coragem, fazer uma avaliação crítica.
Uma simples navegada com o seu controle remoto junto com uma boa e diversificada passada de olhos na grande maioria de temas de fundo abordados em veículos impressos e eletrônicos, excetuando-se honrosas exceções como esse veículo aqui – até porque caso contrário seria impossível a publicação de um artigo com esse título feio – e aquelas abordagens mais técnicas e específicas ou as notícias em si, mas incluindo boa parte da mídia especializada em negócios e gestão, e garanto que tudo estará ali, menos diversidade. Trata-se de uma concentração entediante.
Raramente alguém ataca a excessiva e complexa regulação que esmaga com burocracia e confusão o cotidiano empresarial – ninguém quer ausência de regras, mas apenas regras claras e sem excessos. Pouco se fala sobre a legislação trabalhista defasada e distanciada da realidade, e muito menos sobre os abusos contra o empregador. Pouquíssimo se comenta sobre a solidão e o esforço darwiniano que é colocar um sonho empresarial em órbita e dele tirar o seu sustento, e porque não, graças a ele ser premiado pelo justo e merecido conforto. No lugar disso, a todo tempo, somos esmagados por uma mensagem contínua onde a ambição se transforma em palavrão proferido no domingo de páscoa.
A sensação que se tem é de que nenhum empreendedor, nenhum executivo alimenta qualquer anseio pelo êxito econômico do seu negócio, ou em ganhar dinheiro e curtir a vida com isso. Ou seja, ele toma risco, trabalha como um condenado, simplesmente para depois distribuir os ganhos ou aplicá-los em algum trabalho social ou iniciativa ambiental, claro, certamente.
Convenhamos, não foi a falta de ambição que permitiu o acesso e popularização da tecnologia portátil, não foi a socialização dos ganhos que fizeram com que empreendedores alemães, suecos e norte americanos ganhassem espaço e ganhassem fortunas com a tecnologia aplicada à medicina diagnóstica, que graças à escala atingida e crescente torna-se cada vez mais acessível às camadas de baixa renda. Não foi a aversão ao lucro de permitiu os estudos de materiais na indústria permitindo a popularização sem precedentes de produtos de consumo e acesso ao conforto, e nem tão pouco é a rejeição ao sucesso econômico que move o agronegócio massificando o acesso popular. Na história das mundialmente populares redes sociais a lógica não foi diferente, buscando lucros e ganhos, transformaram a forma de se fazer política, viabilizaram protestos contra ditaduras sanguinárias, permitiram o exercício de uma liberdade de expressão sem precedentes.
A verdade é que políticas de combate à desigualdade social são fundamentais em qualquer sociedade moderna e certamente podem operar como veículo de potencialização econômica, da mesma forma que cuidados ambientais tornam-se indispensáveis para um futuro próspero e confortável que se sustente, contudo, resumindo, 1 (um) real em uma economia lotada de homens e mulheres cheios de ambição e anseio por ganhar dinheiro assumidamente vale muito mais do que em uma economia autofágica tomada de assalto pelo remanso, a acomodação e a utopia de que somos todos totalmente iguais e igualmente merecedores de tudo o que poderia ser produzido – isso caso alguém tenha coragem de produzir algo nestas circunstâncias, naturalmente.
Até o próximo.