A Nestlé não pode descansar sobre os louros como líder em inovação. É preciso pensar sobre o que os consumidores vão querer daqui a três anos, por exemplo. Como você mantém vivo o espírito de inovação, quando você é uma empresa que tem sido um líder, mas não exatamente um guru sobre o assunto?
Por Patricia O’Connell, editora de conteúdo da BusinessWeek.com
Essa é a situação em que a Nestlé Waters North America e seu presidente, Kim Jeffery, encontraram-se. Mais conhecida por sua marca de água Poland Spring, a Nestlé Waters North America estava sentindo pressionada para revelar ao seu público seus esforços para reduzir sua pegada de carbono, responsável pela notável redução do peso da garrafa Poland Spring de modo a torná-la a mais leve do mercado, e para encontrar caminhos para além dos esforços utlizados no processo de engarrafamento. O último desafio foi particularmente agudo, já que o próprio Jeffery admitiu que, eventualmente, a empresa irá atingir o seu limite com a redução do peso das garrafas. “Depois de um ponto, não podemos deixar isso mais claro do que está”, diz ele.
“Quando você é um perdedor ou quando está atrás, é fácil congregar as pessoas em torno de uma meta que você está tentando atingir”, diz Judy Estrin, CEO (Chief Executive Officer) da JLabs e autora de Estreitando a Lacuna da Inovação . Ela diz que a mesma tarefa já não é tão fácil quando você é um líder de mercado, como é o caso da Nestlé Waters North America e sua garrafa e leve. As pessoas – especialmente as de dentro da organização– acostumam-se com a sua posição e não vêem mais os seus esforços como algo notável. Por isso, Judy Estrin recomenda que as empresas pensem constantemente em inovação em vários horizontes de planejamento.
Ela vê o processo em três fases: “Você quer ter o produto atual que está melhorando continuamente, e isso é o que eu chamo de inovação incremental”, diz ela sobre a Fase 1. No caso da Nestlé Waters North America, tratava-se dos esforços iniciais da empresa em reduzir o peso da garrafa. “Essa fase de inovação é realmente sobre um produto da geração atual que você está gradativamente melhorando para atender às necessidades do cliente.”
Salto e olhe
A próxima fase, ela diz, é sobre o “a próxima geração do produto”, que geralmente tem o que ela chama de “o elemento que vai além”. No caso da Nestlé Waters North America, o produto de próxima geração é a garrafa que a empresa planeja lançar em 2010. A questão era: “Como posso ir além de apenas fazer mais leve, e um exemplo disso é quando ela antes apareceu com um novo tipo de garrafa que não tinha sido feito antes”, diz Estrin. Mas agora este “salto” não deve ser para um ponto que vise fazer uma garrafa mais leve ainda, pois isto não pode ser mais alcançado. A empresa deve agora se concentrar em outras coisas e não pode descansar sobre os louros de ter sido a líder na produção de uma leve e ambientalmente mais amigável garrafa de plástico.
Muitas empresas erram o alvo, de acordo com Estrin, pois se concentram apenas nas duas primeiras fases da inovação. “Eles estão sendo impulsionadas por necessidades do cliente, querem melhorar de forma incremental ou ultrapassar um pouco o que o cliente pode querer em um ano ou dois anos. Mas você sempre tem que ter um pequeno grupo ou vários grupos que estão se concentrando no que eu chamo das futuras gerações de inovação, e que na verdade não é dirigida pelo seu cliente. “Essa futura inovação deve ser impulsionada, ou ter como base, o conjunto das principais competências que você possui aliado ao pensamento do que as pessoas poderão querer em poucos anos. “A razão pela qual você não pode ser conduzido pelos seu clientes é o fato de que os seus cliente muitas vezes não sabe o que querem ou vão querer”, diz ela.
“No caso da Nestlé Waters North America, isso pode se dar através da implantação de uma tecnologia completamente nova de um frasco completamente diferente, ou pode ser alguma bebida nova ou algum novo produto que não tenha nada a ver com a garrafa, mas com o conteúdo da garrafa que leva ao seu crescimento três, quatro, cinco anos a partir de agora.”