Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.
Os anos de apertos e dificuldades ficaram para no passado, o seu negócio se consolidou, a primeira projeção do business plan foi cumprida com êxito, e a sua carteira está um pouco (ou muito) mais gordinha. Ai está, o seu projeto/sonho de pé, uma boa história para contar, além de um bom estoque de experiência e bagagem à disposição. Para completar, a sua saúde vai bem, mas a sua disposição, ao menos para continuar tratando dos mesmos assuntos, bem, essa foi pra lona.
Você não aguenta mais as mesmas discussões, os mesmos desafios, eventualmente as mesmas relações. A rotina conduzida com tanta disciplina que acabou por levar o seu negócio ao êxito, já não lhe proporciona conforto ou satisfação. O aprendizado passou a ser residual e o cotidiano um fardo.
Sim, você precisa de mudanças. Radicais se possível. Precisa encher o seu recipiente motivacional, encontrar novos sentidos profissionais. Você precisa dar no pé, levantar voo e partir para novas jornadas, ou quem sabe, se a carteira estiver bem obesa, largar tudo e simplesmente tirar um ano, ou um semestre sabático.
Até aqui só conclusões, mas como fazer isso? Tenha a certeza de que é muito antes do esgotamento total que a preparação começa. Vamos lá.
1. Antes de tudo, e independentemente do plano de negócios da sua empresa, elabore um plano pessoal, com objetivos e prazos bem claros. Caso isso seja um exagero metódico, ao menos tenha um horizonte muito bem definido sobre o que deseja para o seu futuro fara da empresa que construiu ou ajudou a construir;
2. Ao longo do tempo, insista, persistentemente para que o seu negócio tenho o mínimo de informalidade, o máximo de rigor no campo documental, e zero problemas fiscais;
3. Não permita, ou ao menos lute como um leão, para que os endividamentos tomados sejam de um perfil absolutamente estruturante. Evite desde o início acessar o chamado capital de giro oneroso. Aquele que vem automático por conta do seu limite de crédito nas instituições, e que serve para salvar a operação no curtíssimo prazo, mas pode, e provavelmente vai, matar no médio prazo;
4. No início a sua “cara” será a cara da empresa, mas o quanto antes desvincule essas imagens. Sem esse esforço ficará muito difícil produzir sucessores capazes de conduzir a operação com êxito e segurança após a sua saída. Além disso, ou melhor, justamente por isso, você enfrentará feroz resistência para pular fora;
5. Sim, estimule a ambição saudável por sua posição. Se ela não existir, quem vai querer ficar no seu lugar?
6. Crie um negócio para que ele se perpetue. Então, na medida do possível, desenvolva o máximo de governança, em termos de processos, mentalidade e regras de comando. Isso vai ajudar muito a sua saída.
7. Disponha de um valuation vivo na empresa. Bem fundamentado, concebido por especialistas e periodicamente atualizado. Da mesma forma mantenha a documentação dos últimos cinco anos em perfeita ordem – além de relatórios que reflitam com o mínimo possível de divergência os documentos contábeis. Isso vai contribuir muito no caso de uma venda total ou parcial que permita a sua saída.
Por último, se você está se questionando sobre como é difícil e caro adotar e manter todos estes cuidados, faço de volta outro questionamento: Quantos empresários você conhece que conseguiram se desvencilhar de suas criações empreendedoras e partir para novos desafios, com um boa conta bancária e sem complicações?
Tenha a certeza de que vale cada centavo.
Até o próximo.