Por Judy Estrin.
As pessoas normalmente superestimam o famoso ahá! do processo de invenção. Para iniciá-lo, o primeiro passo é criar um ambiente adequado. “O grande lance não é gerar ideias. É criar aquele caldo em que inúmeras pessoas propõem suas ideias e ter um sistema que as transforme em algo efetivo”, afirma Danny Hillis, antigo desenvolvedor de atrações da Disney e cofundador da Applied Minds, empresa de consultoria em P&D (pesquisa e desenvolvimento) cujo slogan é: the little Big Idea company (a pequena empresa de Grandes Ideias). Esse caldo começa com alguns ingredientes básicos, isto é, um conjunto de posturas e convicções humanas extremamente decisivas, que chamo de os cinco princípios fundamentais da inovação: questionamento, disposição ao risco, abertura, paciência e confiança.
Se levados a seu extremo, qualquer um desses valores pode na verdade reprimir a inovação. Confiança sem questionamento é falta de bom senso. Paciência em excesso pode criar um ambiente insosso e inerte. A disposição ao risco deve ser contrabalançada com o questionamento a fim de evitarmos a impulsividade. O questionamento sem confiança pode dar lugar à intolerância. Quando todos esses cinco princípios estão equilibrados ou contrabalançados, eles se inter-relacionam e criam a capacidade de mudança, essencial ao florescimento da inovação.
Questionamento
Faz parte da natureza dos inovadores perguntarem por que ou como algo deu errado ou se é possível fazer uma determinada coisa de maneira diferente. Essa curiosidade é vicejada quando lhes damos espaço para investigar.
Risco
Admitir um fracasso não é fácil, e em geral é caro, tanto para o bolso quanto para a reputação. As pessoas têm dificuldade de renunciar a uma ideia quando estão apaixonadas por ela. Mas tolerância e paciência são essenciais quando queremos que as pessoas assumam riscos criativos e promissores.
Abertura
A inovação exige mente aberta e uma atmosfera que estimule as pessoas a imaginar, alargar os horizontes, colaborar, captar serendipidades e ter liberdade para criar. A curiosidade precisa ser complementada pela capacidade de avaliar criticamente as informações, aceitar contribuições e estar preparado para se adaptar a mudanças.
Paciência
A paciência é indispensável ao sucesso de qualquer inovação. Isso não quer dizer, entretanto, que o processo de inovação tenha de ser passivo. Os inovadores precisam se sentir à vontade para conviver com ambiguidades durante um determinado tempo e, desse modo, não escolher logo de cara a primeira ideia ou solução que surgir.
Confiança
Seja você empresário ou avalista de uma empresa, deve confiar em sua equipe e no processo de inovação. Tanto os diretores quanto os funcionários só se sentem à vontade com a vulnerabilidade, só se dispõem a assumir riscos e só sentem liberdade para criar quando esse princípio está bem estabelecido na empresa.
Por que a maioria das empresas sente tanta dificuldade em reinventar suas práticas de modo a conseguir um ganho de produtividade? Segundo Judy Estrin, autora do livro Estreitando a Lacuna da Inovação: Como reacender a centelha da criatividade na economia global, isso se dá porque boa parte dos dirigentes não consegue ver que “a inovação não se resume a uma frase de efeito”.
Judy Estrin dá a resposta para dilemas muito comuns em meio ao cotidiano dos setores empresarial, educacional e governamental, tais como: os inovadores já nascem prontos ou são treinados? A inovação pode ser imposta ou tem que ser cultivada? O que de fato impulsiona a mudança produtiva?
De acordo com Estrin, a inovação é estimulada por um conjunto de princípios fundamentais que interagem equilibradamente: questionamento, disposição ao risco, abertura, paciênciae confiança. Agrupados, esses valores determinam a capacidadede um indivíduo, organização ou nação para mudar. Trata-se do que a autora chama de “ecossistema de inovação”. [Onde comprar]