Por Daniel C. Luz.
Lamento dizer que as posses trazem somente felicidade temporária. Há algum tempo tive uma grande lição ao ouvir este depoimento, de Hélio Fraga, ex-jornalista de Belo Horizonte, que agora compartilho com você.
“O pai moderno, muitas vezes perplexo e angustiado, passa a vida inteira correndo como um louco em busca do futuro e esquecendo-se do agora, nessa luta, renuncia ao presente.”
Com prazer e orgulho, a cada ano, preenche sua declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito trabalho. Lotes, casas, apartamentos, sítios, casa de praia, automóvel do ano – tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro de sua família, se partir de repente, já cumpriu sua missão e não vai deixá-la desamparada.
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“Às vezes o homem mais pobre deixa a seus filhos a herança mais rica”
Ruth E. Renkel
Para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só – é preciso ter dois ou três; vender parte das férias; levar serviço para casa. É um tal de viajar, almoçar fora, fazer reuniões, preencher a agenda – afinal, ele, um executivo dinâmico, não pode fraquejar.
Esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor que efetivamente conta, está em outra página do formulário do imposto renda – naquelas modestas linhas, quase escondidas, onde se lê: Relação de Dependentes. São os filhos que colocou no mundo, a quem deve dedicar o melhor de seu tempo. Os filhos, novos demais, não estão interessados em propriedades e no aumento da renda. Eles só querem um pai para conviver, dialogar e brincar. Os anos passam, os meninos crescem, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma à construção do futuro, que não participou de suas alegrias; não os levou ou buscou no colégio; nunca foi a uma festa infantil; não teve tempo para assistir à coroação da filha como rainha da primavera. Um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas para desocupados.
Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues”. O pai, para um lado, a mãe para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. É esta convivência que solidifica a fraternidade entre irmãos, abre o caminho no coração, elimina problemas resolve as coisas na base do entendimento. Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, que só se encontram de passagem em casa e para ver os pais, é quase preciso marcar hora.
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a mensagem que tenho para dar é: Não há tempo melhor aplicado do aquele destinado aos filhos .
Dos 18 anos de casado, passei 15 absorvidos por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações e totalmente entregue a um objetivo único e prioritário: Construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa: viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugada no estúdio da televisão… uma vida sempre agitada, tormentosa e apaixonante, na dedicação à profissão – que foi na verdade, mais importante do que a minha família.
Agora, estou aqui com o resultado de tanto esforço: Construí o futuro penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda de Luiz Otavio e Priscila.
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