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Pense Melhor!

Pensamento Produtivo, Tim Hurson, Blog do Editor, DVS, DVS EditoraTim Hurson é o autor do fantástico livro Think Better (Pense Melhor). Ele é um grande entusiasta do pensa­mento produtivo, que é essa capacidade extraordinária dos seres humanos de utilizar sua inteligência criativa como um eficaz mecanismo de mudança. Hurson tem profunda convicção de que a inteligência criativa é um conjunto de habilidades que pode ser aprendido e cultivado por todas as pessoas.

O autor é sócio-fundador da Thinkx Intellectual Ca­pital, empresa que oferece, para organizações de todo tipo e tamanho, treinamento, assistência e consultoria em pensamento produtivo e inovação.

Diz Tim Hurson: “No meu livro, me concentro em princí­pios objetivos e consistentes, mostrando como é pos­sível e essencial separarmos o pensamento criativo do crítico. Por sinal, o foco é justamente alcançar sempre o ‘terceiro terço’, constituído pelas idéias mais criativas e inovadoras; como verdadeiros garimpeiros de ouro, buscamos analogias inesperadas, baseando-nos no que  disse Heráclito: ‘A analogia inesperada é mais pungente do que a óbvia’. Sem dúvida, a analogia inesperada é o cerne do pensamento produtivo.”

Todos temos capacidade para pensar melhor, e o ponto de partida é nos libertarmos dos padrões de pensamento improdutivo que nos refreiam.

AS SEIS ETAPAS DO MPP

O modelo do pensamento produtivo (MPP) é composto por seis etapas, intimamente entrelaçadas:

1ª Etapa: O que está havendo? – Procuramos investigar e compreender verdadeiramente qual é o desafio que temos à nossa frente.

2ª Etapa: O que é sucesso? – É sabermos prever o resultado ideal e estabelecermos os critérios adequados para medirmos o sucesso.

3ª Etapa: Qual é o problema? – É essencial sabermos identificar o problema ou a oportunidade real.

4ª Etapa: O que fazer para gerar respostas ou so­luções? – Para conseguirmos isso, é preciso termos competência para relacionar várias soluções possíveis.

5ª Etapa: Como escolher ou forjar a melhor solução? – Para determinarmos qual é a melhor solução, um pos­sível caminho é estabelecermos uma série de critérios que possam ser quantificados.
6ª Etapa: Como alinhar os recursos para imple­mentar a solução? – Para potencializarmos a solução escolhida, devemos ter um plano de ação e uma gestão ditatorial.

Lamentavelmente, todos nós temos barreiras interiores contra o pensamento produtivo. Como diz Tom Hurson, isso se deve a nosso manancial de possibilidades, ou seja, à “mente de macaco”, ao “cérebro reptiliano”, ao “cérebro de jacaré” ou ao “elefante agrilhoado”.

Por que todos nós devemos aprender a pensar melhor?

Talvez uma boa resposta seja: para podermos criar o futuro! Quem sabe pensar melhor também trabalha melhor e se sai melhor em todas as ações de sua vida. Todos temos capacidade para pensar melhor, e o ponto de partida é nos libertarmos dos padrões de pensamento improdutivo que nos refreiam. Em essencial, o pensa­mento produtivo tem tudo a ver com liberdade.

O que desencadeia o pensamento produtivo são certas “frases-raiz”, do tipo: “Não seria ótimo se….?”. Existem no mínimo três grandes desafios para os quais se poderia fazer a pergunta: Não seria ótimo se conseguíssemos…” São eles:

Desafios globais:

a. …gerar energia limpa, segura e renovável?

b. …eliminar a fome?

c. …diminuir a poluição?

d. …acabar com as guerras?

e. …achar a cura da AIDS?

Desafios empresariais/profissionais:

a. …reagir rapidamente ao mercado introduzindo novos produtos financeiros/serviços?

b. …reconhecimento pelas nossas contribuições?

c. …contratar pessoas talentosas para as nossas or­ganizações?

d. …conhecer melhor os mercados e os concorren­tes?

e. …ter mais tempo produtivo nos nossos processos?

Desafios pessoais:

a. …economizar mais tempo para nós mesmos?

b. …resolver melhorar as divergências familiares?

c. …encontrar meios para servir melhor a comunida­de?

d. …nos comunicarmos melhor com os que nos apóiam e ajudam?

e. …trabalhar com aquilo de que gostamos?

Ainda em 1969, o inesquecível Peter F. Drucker (1909-2005) cunhou o termo “economia do conhecimento”, no seu livro A Era da Descontinuidade. De acordo com a sua hipótese, a sociedade moderna havia se transfor­mado. Se antes a sociedade dependia de trabalhadores manuais, passou a depender de trabalhadores do conhecimento.

No início da década de 1990, inúmeras grandes em­presas internacionais começaram a se transformar em organizações do conhecimento. Atualmente, nas salas de reunião das diretorias, bem como nos corredores das empresas, o que mais se fala é sobre a era da informação e a importância do capital intelectual.

Peter F. Drucker, como sempre, estava certo! Tudo o que importa agora é pensar melhor! E, diferentemente da fabricação, da contabilidade ou do telemarketing, a capacidade de raciocínio de uma organização não pode ser terceirizada. No momento em que a inovação é algo essencial para o triunfo das empresas, para se conseguir isso de forma mais eficaz é preciso saber pensar melhor.

Por isso, as organizações devem desenvolver o mais que puderem o seu capital intelectual. Entretanto, a alta administração das empresas precisa também estar ciente de que o capital intelectual criativo é imprevi­sível, ou seja, não é possível saber exatamente o que produzirá..

O pensamento produtivo é uma habilidade que qualquer pessoa pode conseguir aprender. Todo cérebro, inde­pendente do quociente de inteligência (QI) ou quociente de criatividade (QC), pode aprender a pensar melhor, a compreender mais claramente, a pensar mais criativa­mente e a planejar mais eficazmente.

Diz Tim Hurson no se livro: “Para criar o futuro, preci­samos ter aptidão para imaginá-lo. E é o pensamento produtivo que pode nos ajudar a fazer isso. Não se trata de magia! É uma abordagem metódica para pensarmos mais criativa e eficazmente.

Podemos nos educar para pensarmos melhor. Quanto mais pra­ticarmos , mais afiados nos tornare­mos. Quanto mais afiados, mais opor­tunidades teremos para construir um mundo melhor, uma empresa melhor, uma vida melhor. O poder do pensamento produtivo repousa em seu potencial de aumentar a probabilidade de encontrarmos, desenvol­vermos e, no final de tudo, implementarmos analogias inesperadas.

Embora há muitos anos eu auxilie empresas e pessoas a descobrir analogias inesperadas, sistematicamente me surpreendo quando elas surgem – às vezes de ime­diato, às vezes depois de meses ou mesmo após anos de busca.”

Para entendermos melhor como as analogias inespe­radas nos escapam, é fundamental compreendermos como o nosso cérebro comanda as nossas atividades, ou seja, fica disperso, reage ou segue padrões desgastados. Para tanto, é vital compreender o que é “mente de macaco”, “cérebro reptiliano” e “elefante agrilhoado”.

MENTE DE MACACO

A estratégia mais comum de esquiva ou fuga ao ato de pensar é a distração. Todos nós já tivemos a experiência de estar lendo o mais fascinante texto e, de repente, nos darmos conta de que não fazemos a menor idéia do que acabamos de ler. Diante disso, voltamos ao parágrafo que contém a última linha que de fato lembramos e começamos novamente.

Os meditadores budistas chamam esse fenômeno de mente de macaco. Outros o chamam de mente fugidia, fluxo de consciência, mente tagarela ou simplesmente devaneio.

A expressão mente de macaco traz à mente a imagem de um bando de macacos pulando freneticamente de uma árvore à outra, permanecendo apenas por um momento em um ‘galho-pensamento’ antes de saltar, aparentemente de modo aleatório, para outro.

A mente de macaco é fato, seja ao lermos, assistirmos uma aula, dirigirmos um carro ou andarmos. Ela tende a nos levar para um passeio, em geral a destinos muito dis­tantes daquele que pretendíamos visitar. Isso não implica que a mente de macaco seja sempre algo ruim. Porém a mente de macaco não é um pensamento concentrado; elas nos controla, não somos nós que a controlamos.

CÉREBRO REPTILIANO

A segunda estratégia de esquiva é a reação instintiva. Como a mente de macaco, a reação instintiva está pro­fundamente enraizada em nosso ser. Todos nós temos, em essência, três cérebros.

O maior e o que mais se desenvolveu nos últimos tempos é o córtex. Vamos chamá-lo de cérebro humano, por ser uma das características distintivas de nossa espécie e um dos fatores determinantes do ser humano. Entre as funções do córtex cerebral, encontram-se o pensamento racional, a análise lógica, a elaboração da fala, o proces­samento de grande quantidade de dados, o pensamento associativo e a imaginação, a análise, o cálculo etc. Às vezes, tudo isso é chamado de pensamento de ordem superior. Embora vários outros animais também tenham estruturas corticais, elas são significativamente menores e menos resistentes do que as nossas.

O córtex cerebral (ou cérebro humano) é um “aparelho” extremamente potente. Literatura, arte, arquitetura, cultura, filosofia, medicina, tecnologia ou ciência: nada disso existiria sem o trabalho dos bilhões de córtices cerebrais de toda a história humana.

As duas outras partes do cérebro – as mais primitivas – são o cérebro límbico (sistema límbico), algumas vezes chamado de cérebro paleomamífero, e o tronco cerebral. O sistema límbico está relacionado principal­mente à geração de reações emocionais a estímulos sensoriais, como: euforia, atração, medo e raiva. Já o tronco cerebral é uma estrutura muito mais primitiva; processa e reage a estímu­los sensoriais.

O tronco cerebral é que se chamará de cérebro reptiliano (ou cérebro de jacaré, pois é essencialmente o único que o jacaré possui). Os jacarés não têm muita opção em relação à maneira de reagir aos estímulos sensoriais. Se um novo animal invadir seu território, ele terá um conjunto restrito de comportamentos possíveis: se for um jacaré do mesmo sexo, lutará; se for um intruso suficientemente pequeno para ser uma presa, o jacaré vai atacá-lo e comê-lo; se for o período correto e o intruso for do sexo oposto, o jacaré tentará se acasalar; e se o intruso não tiver nenhuma dessas característi­cas, o jacaré ficará imobilizado, até que a outra criatura desapareça de sua tela perceptiva ou faça alguma coisa que desencadeie uma das reações já mencionadas.

Mas o que isso tem a ver conosco? A verdade é que, pelo que se sabe, a maneira como nos relaciona­mos com o mundo tem a ver, em grande medida, com o nosso cérebro reptiliano. Tendemos primeiramente a reagir com cérebro reptiliano, depois a desenvolver uma reação emocional – com o cérebro paleomamífero – e, por último, a pensar com o cérebro humano (córtex).

Mesmo quando nos esquivamos de pensar, a reação básica do cérebro humano em geral não é processar as informações racionalmente, mas racionalizar nossas duas primeiras reações. Experimentamos essa seqüên­cia de processos cerebrais – do cérebro reptiliano ao paleomamífero e depois ao humano – o tempo todo. Não porque sejamos fracos, insensatos ou estúpidos, mas simplesmente porque as fibras neurais que conec­tam as diferentes partes do cérebro têm comprimento distinto.

Quando nossos sentidos captam um estímulo eletro­mecânico, seja luz, som ou tato, um sinal é enviado pri­meiramente ao tronco. Uma fração de segundo depois, fazendo um percurso ligeiramente mais longo, chega ao cérebro límbico e, uma fração de segundo após, atinge as regiões corticais. É por isso que, em situações de emergência, somos capazes de reagir sem pensar e sem sentir.

Se algum dia você já teve de pisar rapidamente no freio para evitar um acidente, sabe que agiu instintivamente; em seguida, começou a tremer pela emoção de uma quase-colisão para, alguns minutos depois, ficar revol­tado com aquilo que quase causou o acidente, seja com o estúpido motorista que não usou a seta para virar, com uma criança desatenta que tentou atravessar a rua ou com você mesmo, que estava distraído…

Do mesmo modo que a mente de macaco, o cérebro reptiliano não é ruim. Normalmente, ele nos mantém longe dos problemas. Nosso cérebro reptiliano provavel­mente já nos salvou a vida um grande número de vezes. Contudo, quando o que está em pauta é o pensamento concentrado, o cérebro reptiliano, assim como a mente de macaco, pode nos meter em uma enrascada, pois tra­ta as idéias estranhas ou intrusas exatamente da mesma maneira que as criaturas estranhas e invasoras! Observou Clotaire Rapaille: “Quando a questão é tomar decisões, o cérebro reptiliano sempre vence”. Podemos acreditar que pensamos com o córtex, mas com freqü­ência nosso “pensamento com função superior” nada mais é que a racionalização de uma decisão já tomada pelo cérebro reptiliano.

ELEFANTE AGRILHOADO

Depois da mente de macaco e do cérebro reptiliano, a terceira estratégia de economia de energia do cérebro é a padronização. A mente sistematicamente escolhe seguir os padrões conhecidos e muitas vezes desgasta­dos, em vez de gerar novos pensamentos, novas inter­pretações ou novas formas de fazer as coisas.

Os seres humanos são bem mais habilidosos para seguir padrões antigos do que para conceber novos pensa­mentos. A maior parte dos circuitos neurais do cérebro dedica-se a reconhecer, armazenar e recuperar padrões, incluindo aqueles primeiramente estabelecidos pelas reações do cérebro reptiliano.

A padronização é, porém, bastante prática. Vejamos o que ocorre quando nos vestimos pela manhã. Tanto no caso dos homens quanto das mulheres, vestir de 10 a 12 peças por dia para ir ao trabalho é praticamente normal. Supondo que já tivéssemos deixado nossas roupas esquematizadas, isto é, já tivéssemos decidido que roupas vestir, a tarefa seguinte seria vestir cada uma das peças. Considerando 10 peças de roupa, teríamos exatamente 3.628.800 diferentes opções para decidir que peça vestir em primeiro lugar, em segundo lugar, e assim por diante. No caso de 11 peças, nossas opções se ampliariam para cerca de 40 milhões. Mesmo se eliminássemos as opções incabíveis – como vestir as meias sobre os sapatos, as cuecas por cima a calça etc. –, ainda assim, no caso das 10 peças, haveria mais de 15 mil seqüências cabíveis para nos vestirmos.

Para tomarmos essas decisões de forma consciente, seriam necessários muitos dias. Todavia, uma vez que escolhemos o que vestir, não tomamos nenhuma outra decisão com relação ao ato de nos vestirmos. Fazemos isso automaticamente. Seguimos nosso padrão para isso e, com raras exceções, fazemos isso de mesma maneira todos os dias da vida. Neste caso, nossos pa­drões economizaram tempo e energia e nos permitiram dar prosseguimento à nossa vida.

A padronização é também conveniente para a aprendiza­gem e para a recordação. Faça a seguinte experiência: cite os meses do ano, o mais rápido que puder. Provavel­mente você foi capaz de fazer isso em menos de cinco segundos. Agora, relacione os meses alfabeticamente. Quando existe um padrão, não há nenhum problema. Sem ele, é praticamente como se estivéssemos nos defrontando com esses dados pela primeira vez. Então, seria até razoável perguntar: estamos nos recordando dos dados ou do padrão?

Quando o que está em a pauta é aprendizagem e recor­dação, os padrões podem ser mais importantes do que os dados. A padronização é utilizada pelos atletas, para desenvolver jogadas; pelos mágicos, para envolver e extasiar seu público; pelos diretores de cinema hollywoo­dianos, para tornar as cenas mais tensas, românticas ou divertidas.

Embora a padronização seja algo bom – ela preserva a energia do pensamento, prevê o futuro, dá conta rapida­mente das tarefas cotidianos, facilita a aprendizagem e nos ajuda a entender o mundo –, do ponto de vista do pensamento produtivo ela pode ser um problema.

Comumente, a padronização nos leva a presumir coisas que na verdade não existem em um dado lugar ou situa­ção. Aliás, foi assim que surgiu a expressão “o elefante agrilhoado”. Na Índia, os tratadores e condutores de elefantes, ou seja, os mahouts (cornacas) impedem que os filhotes se afastem, acorrentando uma de suas patas a uma estaca firmemente fincada na terra. Por mais que tentem, os jovens elefantes não são fortes o bastante para quebrar os grilhões ou derrubar a estaca. Tentar fazer isso não é apenas inútil, mas desconfortável, pois a corrente aperta a pata dos “pequeninos”. Em pouco tempo, eles desistem.

Já adultos, os elefantes são mantidos no lugar presos a uma corda de cânhamo entrelaçado (mais barata e mais conveniente que uma corrente) amarrada a uma estaca, enfiada na terra com apenas algumas marteladas. Eles mantêm um padrão profundamente arraigado que lhes indica que escapar é impossível.

No caso dos elefantes, esse padrão tornou-se muito útil, mas se você está preso à síndrome do “elefante agrilho­ado”, isso é péssimo para poder pensar produtivamen­te. Como a distração da mente de macaco e a reação instantânea do cérebro reptiliano, o efeito “agrilhoante” de seguirmos padrões antigos e provavelmente desgas­tados é um sério obstáculo ao pensamento produtivo.

Portanto, para pensarmos bem, é fundamental nos livrar­mos (ou pelo menos controlarmos) a mente de macaco, domesticarmos o cérebro reptiliano e “desagrilhoarmos o elefante”! É o que se aprende ao ler o livro de Tim Hurson, Pense Melhor.