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Transparência nas Informações – Um caminho inevitável

Assistimos, ao longo dos últimos cinco anos, um salto no desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Popularizou-se a expressão “IPO” (sigla que passou a ser adotada para resumir o processo de oferta pública de ações), e junto com ela todo um glossário de novas terminologias que gravitam ao entorno dessa feliz realidade de empresas com números confiáveis, governança e rigorosa prestação de contas ao público e em especial aos investidores que nela depositaram as suas apostas e confiança.

por Gustavo Chierighini

Sem a menor dúvida, um virtuoso processo de desenvolvimento que fortalece a nossa economia de mercado e projeta o nosso país, que passou a exibir e disponibilizar um dos mais sólidos e confiáveis ambientes para investimentos do mundo. Os fluxos recorrentes de investimentos externos, e a nossa facilidade para encarar o recente tsunami financeiro são a prova disso.

Uma receita relativamente simples: regras claras, uma CVM eficiente e rigorosa, empreendedores conscientes, e para completar, um sistema financeiro robusto. Sem nenhuma dúvida, está aí o fruto do árduo processo de estabilização econômica e saneamento dos bancos (com adesão aos melhores e mais rigorosos padrões de gestão), iniciado em meados da década de 1990.

Certamente, um cenário animador. Mas seria ainda mais interessante se empresas que não tivessem a menor preocupação em ter as suas ações listadas na bolsa de valores, simplesmente passassem a se preocupar com essas saudáveis práticas simplesmente para, digamos… colher inúmeros benefícios.

E não são poucos, vejamos: acesso aos mais bem estruturados e por vezes customizados produtos de crédito; relações societárias mais estáveis, seguras e sólidas; processos sucessores menos tumultuados e mais organizados; a longevidade empresarial como algo bastante possível, independentemente dos seus herdeiros. Isso só citar os mais óbvios.

Como sabem, sou avesso a modismos de gestão de última hora, ou a antigos métodos rebatizados com novos nomes e transformados em clichês inquestionáveis. Sempre achei tudo isso muito infantil e sinceramente incompatível com profissionais que em tese, deveriam ser o exemplo de capacidade para conduzir as corporações pelos mares revoltos da vida empresarial.

Mas quando se fala em transparência de informações e governança corporativa, podemos afirmar que simplesmente se trata do “dever de casa”. Empresas pequenas ou médias precisam necessariamente apresentar relatórios e documentos confiáveis sobre os seus números, independentemente das exigências bancárias (e eles agradecem muito quando encontram isso), mas ao menos para protegê-la de seus sócios e vice-versa.

Ainda me recordo da conversa que tive com um cliente, que deixava bem claro. “Não tenho o menor interesse em abrir o capital da minha empresa”, mas, “quero ter acesso aos melhores produtos de crédito e atrair a melhor proposta de investimentos de um bom private equity interessado” e, “Ao lado deste investidor, estabelecer o mais equilibrado relacionamento de gestão”, para então concluir “E é por isso que torno as minhas informações confiáveis e transparentes”.

Então me pergunto: Existe outro caminho? A resposta é não.

Não é necessário ser um gigante da indústria onde se atua, para ter uma administração competente e confiável, para ter solidez. E é só isso que o mercado pede, nada mais.

Por isso recomendo: Enquanto ainda é um diferencial, seja rápido e tome as providencias necessárias, antes que se transforme numa exigência básica ou imediata.

Pode representar alguma despesa (ou seria investimento) para colocar a casa e os números em ordem, mas o benefício é gigantesco, além de melhorar o sono de muita gente: gerentes de banco, sócios, clientes, herdeiros, investidores, e é claro, o seu também.

 

Sobre o autor

 

 

Gustavo Chierighini, atento observador do universo corporativo, é fundador da Plataforma Brasil e membro do conselho editorial da DVS Editora.