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Uma cidade criativa é uma cidade atraente

Cidade atraente

Ao termos adentrado no século XXI, foi dito que seria a era da acessibilidade, ou seja, do intenso intercâmbio de notícias e do conhecimento entre as pessoas e isso de fato aconteceu com a enorme evolução das tecnologias de informação e comunicação (TICs).

Outros especialistas prognosticaram que seria o “século das mulheres

E isso de fato está ocorrendo, basta notar quantas não foram as lideranças femininas que surgiram nos governos e nas empresas.

Mas o que mais está se caracterizando agora é que se até o século XIX, o predomínio ainda foi dos impérios, o século XX foi do surgimento de muitos países independentes e em sua maioria democráticos, o século XXI é sem dúvida o das cidades, para onde estão se mudando as pessoas que antes viviam em zonas rurais no campo.

Acredita-se que até o ano 2020, 70% da população do mundo viverá nas cidades (e no Brasil isso acontecerá com 93% dos seus habitantes).

Isso significa que as pessoas procurarão morar principalmente nas cidades atraentes!!!

Mas o que é uma cidade atraente?

De uma forma resumida pode-se dizer que é aquela na qual se tem empregabilidade, habitabilidade, mobilidade, sustentabilidade e visitabilidade!!!

 

Empregabilidade

Tem tudo a ver com a condição de uma cidade poder oferecer empregos aos que vivem ou chegam até ela.

Na realidade empregabilidade é a qualidade de que ou de quem é empregável, o que significa que a pessoa deve ter competências valorizadas na época em que vive.

No meu livro Economia Criativa: Fonte de Novos Empregos explico onde é que surgirão empregos nessa segunda década do século XXI, bem como destaco os que vão desaparecer!!!

Ter emprego é fundamental para se poder sobreviver e assim uma outra característica que a cidade deve buscar é ser empreendedora.

 

Habitabilidade

é a qualidade, estado ou condição do que é habitável.

Sem dúvida, com cada vez mais gente vindo para as cidades é vital que nelas haja uma situação para que seus habitantes possam viver em moradias decentes. Isso não está nada fácil nas cidades brasileiras pois se tem atualmente um grande déficit de casas, com muita gente dormindo em habitáculos, para não dizer, barracos em favelas, que se podem chamar de “cidades de chegada” para os que vem do campo para os centros urbanos.

Aí o papel de instituições como o Secovi/SP (o Sindicato da Habitação) ou da Fiabci Brasil (Federação Internacional Imobiliária), é muito importante para envolver todos os empreendedores da construção civil para que concentrem seus esforços para minimizar o mais rápido possível essa falta de habitações.

 

Mobilidade

é a possibilidade de mover algo, alguém ou a si mesmo.

Em outras palavras é a condição de liberdade que um indivíduo tem numa cidade de ir (ou vir) de um lugar para outro ou então numa sociedade de mudar de emprego ou até mudar da própria cidade.

Entende-se também por mobilidade a passagem de pessoas e/ou familiares de uma classe social para a outra, o que obviamente é mais fácil de conseguir numa cidade atraente, especialmente se ela também for compacta, na qual ele vive bem próximo de seu trabalho, com o que perde pouco tempo para executar diariamente esse deslocamento.

 

Sustentabilidade

de forma simples é a característica ou condição do que é sustentável.

Numa cidade o que se quer é que nela não falte água (nem se desperdice a mesma), se tenha em todas as casas energia elétrica, a taxa de crimes seja cada vez menor, haja um bom sistema de educação pública, assim como um bom atendimento dos munícipes no que se refere aos cuidados com a saúde.

Note-se que atender a tudo isso em todas as cidades do mundo é cada vez mais complicado pois se em 1960 havia cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo com 45% delas vivendo nas cidades, em 2017, já se tem uma população de 7,4 bilhões de pessoas com 60% delas nas cidades, ou seja, estas aumentaram muito, com os seus habitantes exigindo serviços que a maioria delas não consegue oferecer adequadamente, apesar da sua administrabilidade ter melhorado.

 

Visitabilidade

é a capacidade de uma cidade de atrair para si não só os turistas, mas também muita gente que quer nela conseguir alavancar a sua carreira ou mesmo procurar um recomeço.

A visitabilidade é estimulada quando a cidade possui excelentes instituições de ensino superior, hospitais com os melhores recursos tecnológicos, um comércio intenso, restaurantes, eventos de entretenimento exclusivos etc.

 

No meu livro Cidades Criativas, defino o que é uma cidade criativa, que obviamente é atraente pelos seus tesouros (tanto os seus recursos naturais como os seus museus, monumentos, palácios etc.,  pelos talentos (pessoas geniais que vivem nela), pela tolerância (há uma grande diversidade étnica nela) e pela tecnologia (utiliza-se nela de forma inteligente todos os progressos alcançados na ciência).

Claro que uma cidade criativa é uma cidade atraente.

Bem, pode ser utópico pensar em viver numa cidade atraente, mas esse é o ideal que os gestores municipais devem procurar obter para as cidades do futuro!!!

 

Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de S.Paulo na edição impressa do dia 02/05/2017.