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Uma fênix no lamaçal europeu

Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.

Caro leitor, de fato o deblaquê europeu assusta, e não é à toa. Como se não bastasse o problema em si, agora recheado de conturbações políticas de arrepiar, seu contágio em ondas crescentes começa a atingir as terras emergentes. Mas entre disputas ideológicas contraproducentes, mortos, feridos e crises bancárias de liquidez na planície e no horizonte, eis que surge uma luz vinda de terras tão discretas quanto familiares. Sim, me refiro aos nosso antigos colonizadores, estamos tratando de Portugal.

Espremidos entre o oceano e a altiva Espanha das touradas e dos bancos em dificuldade, foram atingidos em cheio pelo vendaval que percorre não somente sua península mas praticamente todo o continente. Entretanto, desde então, sem maluquices políticas radicais, sem demonstrações de incivilidade urbana e em silêncio, lançaram-se a praticar o bom, velho e desafiador dever de casa.


Crise na Europa: caminho português começa a gerar retorno ao país

Com isso, os primeiros resultados não tardaram a aparecer, e talvez a principal conquista seja a de terem se descolado do noticiário conflagrado da crise continental, onde radicalismos afloram, tapas são distribuídos nos ambientes parlamentares e um processo constante de responsabilização inconsequente não para de crescer.

Em meio a essa confusão, os nossos patrícios simplesmente resolveram meter a mão na massa. No lugar de longas discussões e fuga dos fatos, decidiram trabalhar.
Segundo a France Presse, Portugal anunciou recentemente a superação dos parâmetros analisados trimestralmente pela troika, que por sua vez recomendou a liberação de um novo aporte de € 4 bilhões, com base no resgate financeiro obtido.

Rigorosamente em linha com os critérios estipulados pelas três instituições que supervisionam a assistência financeira ao país – a Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu, a terra de Camões segue superando expectativas a trazendo alívio aos credores e aos observadores do seu programa de recuperação.
Neste quesito, avança tanto na seara quantitativa, quanto no campo estrutural, com reformas econômicas, institucionais e trabalhistas.

Ao que parece, o ministro português das finanças, Vítor Gaspar, compõe um grupo político que vislumbra um futuro no médio prazo, pautado por fértil ambiente para ao empreendedorismo e estímulo à geração de riqueza.

Destas terras não se escutam arroubos nacionalistas, ou trombetas triunfalistas, o que se vê é o silêncio da responsabilidade assumida. Um excelente exemplo, numa fase tão escassa de bons exemplos, e que como sabemos tão bem, não serve apenas para os seus colegas europeus. Bem, recomendo colocarmos a carapuça o quanto antes. O futuro agradece.

Até o próximo.