Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro dos conselhos editoriais da DVS Editora e da Revista Criática.
Meus caros, começo esse texto com uma constatação inevitável: ninguém quer o fracasso. Trata-se de uma verdade! Passamos toda a nossa existência tapeando ou fugindo dele. Eventualmente o sobrepujamos, mas, às vezes, ele nos vence – e detestamos quando isso acontece.
Contudo, tem sido muito cansativo a forma como a nossa cultura o destrata. O que observo é que sua existência vem sendo recorrentemente esquecida, ou talvez seja a sua importância que é constantemente relegada ao segundo plano. É fato que ou por medo de sua existência ou – e mais provavelmente – pela própria histeria que a busca pelo sucesso provoca, costumeiramente passamos a tratar o fracasso como um doente cuja enfermidade contagiante deve ser tratada em regime de quarentena.
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Observem que quase ninguém no universo corporativo ou empreendedor consegue admitir grandes erros, que é o sinônimo de fracasso. Os pequenos e costumeiros são tratados até com certo humor. Mas a derrocada, a grande derrapada, quase sempre é deixada para debaixo do tapete. Ninguém a admite, e é convenientemente esquecida para a manutenção da imagem perfeita e irretocável (mas evidentemente inverossímil).
E desta forma surge um mundo imaginário, com expressões bonitinhas para não assustar criancinhas e mimadinhos de plantão, e onde a experiência não conta e, obviamente, nada é o que parece ser. Uma demissão não é uma demissão, mas uma troca de perspectivas profissionais. A quebra ou falência não é uma quebra ou falência, mas uma hipótese no empreendimento que não deu muito certo (por causa do momento é claro, afinal estamos muito à frente dele, naturalmente). Uma sociedade que se desfaz, na verdade não se desfez, transformou-se em “algo maior” “mais inovador”, blá-blá-blá.
E de espuma em espuma, originadas na grande prateleira da perfumaria do embromation corporativo, pratica-se a grande injustiça de minimizar o valor do fracasso, que ajudaria a formar gente forte de verdade, e que é parte indissolúvel da história real de empreendimentos e carreiras sólidas.
Sendo assim, hoje resgatamos aqui o seu peso, mostrando com clareza a sua contribuição.
01. Com o fracasso, você aprende de uma vez por todas a lidar com as suas fraquezas e ineficiências. Sim, você não é perfeito;
02. Uma vez experimentado, podemos farejar com grande chance de acerto a sua aproximação. Quem já caiu sempre fica mais esperto e ágil;
03. Aprendemos que a experiência dos nossos pares, superiores e subalternos, sejam eles mais velhos ou mais jovens – e independentemente da geração da qual tenham saído (analógicos, x, y, z, w, 2.0 ou 3.0) -, sempre vale muito e precisa ser absorvida;
04. Que trabalhar com quem nunca levou um tombo na vida é um grande risco;
05. Passamos a distinguir prepotência de autoconfiança;
06. Que grande parte da autoconfiança, tão necessária para o sucesso e a tomada de riscos, nasce muitas vezes do enfrentamento do medo, que por sua vez nasce com algumas derrapadas;
07. Aprendemos a não levar muito a sério as pessoas que não têm medo de nada;
08. Que coragem não é não ter medo, mas reconhecê-lo, senti-lo e ainda assim enfrentá-lo;
09. Que podemos nos levantar da maioria dos tombos;
10. Que gente que caiu e depois foi capaz de se levantar vale o dobro, e que não se vivencia o sucesso sem antes fracassarmos de alguma forma.
Até o próximo.