Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.
Meus caros, você certamente se preocupa em ser um bom líder, ou quem sabe em ser um ótimo chefe. Quer que sua equipe confie na sua capacidade de condução, deseja que comprem as brigas que você elege para encarar, e talvez espere que tenham o mesmo comprometimento, assim como a mesma disposição ao risco que você.
Até aqui tudo perfeito, ou melhor, legítimo, a única questão é que os seus anseios, eventualmente, podem não encontrar correspondência no mundo real. Desejo é uma coisa, realidade é outra que pode estar a quilómetros de distância.
Contudo essa diferença pode ser algo absolutamente natural, refletindo uma certa idealização, ou quem sabe fruto de uma dinâmica comportamental, a saber, a sua.
Então, já rumando para um desfecho, aqui vai um questionamento. Você atrapalha a sua equipe? Vamos ajuda-lo a responder.
Você atrapalha a sua equipe quando:
1. Centraliza excessivamente as atividades, decisões e condutas, condenando eventualmente uma grande equipe de trabalho à apatia;
2. O contrário também é verdadeiro (dependendo da forma como é isso é feito). Você delega tanto e com tanta intensidade, mas também de forma tão bagunçada, que ninguém que esteja assumindo cargas relevantes de responsabilidade consegue ter clareza sobre o que fazer realmente, de que forma agir, ou se está ou não ultrapassando limites perigosos. A consequência é o ativismo de movimentação. Todos atuando de forma performática, tal qual em um teatro cotidiano, mas realizando e concretizando praticamente nada;
3. Você é inseguro e não tem coragem de assumir os seus próprios erros, temendo que tal comportamento o rotule como fraco ou incompetente. Como resultado, uma equipe absolutamente incapaz de assumir responsabilidades.
4. Você exige em excesso ou cobra resultados e metas absolutamente irrealistas. O resultado disso é uma verdadeira fraude corporativa. Ou seja todos gostam de ser enganados, porque assim se engana mais fácil. Em resumo, mais uma vez muita retórica, muito blá blá blá, e mínimos resultados palpáveis;
5. Você implanta um modelo de reconhecimento sem regras claras, avesso à meritocracia e ao reconhecimento de que, sim, algumas pessoas são mesmo melhores, mais capazes e mais brilhantes do que outras. No lugar disso, sem nenhum critério ou padrão conhecido, seleciona os eleitos para quem direciona todo o reconhecimento profissional e financeiro. Isso desmotiva e fragiliza a energia de qualquer equipe que se preze, além de afastar os talentos, naturalmente.
6. Você se deixa influencias por modinhas de gestão e se ilude com o poder dos rótulos geracionais (me refiro aos rótulos “geração x”, “geração y”, “geração k” e sei lá mais o que). Com isso inibe a riqueza que é construir uma equipe de trabalho multifuncional, capaz e rica em experiências e trocas profissionais, que no final acabam por potencializar talentos e garantir amadurecimento. Contudo construirá um ambiente profissional infantilizado, incompetente e ressentido.
7. Você empenha um comportamento agressivo, irascível e desrespeitoso, e com isso não sabe escutar com devida profundidade aquilo que vem da sua base de trabalho. O resultado imediato será o afastamento de talentos (alguns nem se aproximarão para não precisarem se afastar) e no lugar deles um exército de eunucos profissionais, sem ideias próprias, sem energia criativa, e claro, sem nenhum prazer em trabalhar.
Para encerrar, muito cuidado, não seja você mesmo o maior inimigo do seu negócio.
Até o próximo.