A preocupação ambiental é movimento justo, em defesa da natureza e do ser humano, ou uma ação política contra a industrialização de países emergentes?
artigo publicado originalmente por S. Barreto Motta em Momento Mercantil.
O tema se torna cada vez mais polêmico. O presidente da República Tcheca, Václav Klaus, aborda o problema, sem papas na língua, no livro Planeta Azul em Algemas Verdes, que está sendo lançado no Brasil. Afirma que o ambientalismo é “ideologia semelhante à religião”. “O problema do aquecimento global tem bem mais a ver com as ciências sociais do que com as naturais, mais com economia do que com climatologia, mais a ver com o ser humano e sua liberdade do que com um aumento na temperatura média global em alguns décimos de grau Fahrenheit”, afirma.
Para ele, o aquecimento global tornou-se um tópico extremamente controverso. Dos dois lados do Atlântico, o debate transformou-se numa guerra cultural contra a liberdade econômica. Por isso é necessário que pessoas defendam a liberdade de se renovar tal debate, e assim demonstrar como pessoas livres podem lidar melhor os desafios que enfrenta a civilização. Acrescenta: “A coerção do politicamente correto, mais severa do que nunca, está ficando cada vez mais forte, e só há espaço para uma verdade, a qual é, mais uma vez, imposta a todos nós”. Em Planeta Azul em Algemas Verdes, o presidente tcheco recorre a estudos de cientistas para afirmar que diversas atividades econômicas não são causadoras das mudanças climáticas.
No Brasil, livros como A Fraude do Aquecimento Global, de Geraldo Luís Lino, têm alimentado essa polêmica. Segundo Lino, o ambientalismo carece de rigor científico. Garante que ingleses e norte-americanos criaram o ambientalismo como eficiente instrumento político contra o desenvolvimento e o progresso, em especial dos países do Terceiro Mundo. Um tema tão importante e apaixonante exige debate franco e aberto. Lino afirma que, entre 1925 e 1946, ocorreu aumento médio de 0,4 grau, mas sua causa principal foi aumento da atividade solar. Garante que, no citado período, o Ártico apresentou aumento de 4 graus de temperatura, com registros de derretimento de gelo superiores aos detectados em 2007.
No prefácio, Luiz Baldicero Molion, doutor em Meteorologia da Universidade de Wisconsin (EUA), declara: “É fato comprovado que o gás carbônico não controla as temperaturas globais. O clima da Terra é complexo e, sem exagero, depende de tudo que ocorre no planeta e no Universo. O Sol está entrando em novo mínimo do Ciclo de Gleissberg, no qual estará com baixa atividade nas próximas duas décadas. Em adição, observações mostraram que os oceanos – em particular o Oceano Pacífico – que são os principais controladores do clima global, ao lado do Sol, estão se resfriando. Portanto, nos próximos 20-25 anos, é muito mais provável que o clima global vá se resfriar, como ocorreu entre 1947-76, em vez de se aquecer. É possível, pois, que a fraude do aquecimento global esteja com os dias contados”.
Pelo sim, pelo não, não faz mal algum plantar árvores, trocar usinas de carvão por hidrelétricas e produzir carros mais eficientes. Mas deixando de lado ONGs internacionais que fazem alertas exagerados, com motivos desconhecidos. Como defende Vaclav Klaus: “Não questiono a existência de um processo de alteração do clima, mas discordo da amplitude dada ao problema”.
De Maurício Dias David, do Conselho Editorial do MM, sobre o tímido combate à valorização cambial: “Estão usando homeopatia para paciente com pneumonia, que deveria ser tratado com antibiótico”. Este ano, até o Carnaval – menos de três meses – entraram no país US$ 24 bilhões, o mesmo que em todo o ano passado. Desse jeito, o Brasil se consolidará como vendedor de minério e comprador de trilhos. O déficit em transações correntes beira US$ 60 bilhões. E o pior é que, com medo da inflação, o governo não vai se aventurar a conter o dólar barato.
Programa furado
Sugere-se que as autoridades fluminenses estimulem estudantes, grupos de idosos, escolas de samba e clubes a comparecerem à Cinelândia no domingo, para ter certeza de público cativo – inclusive com distribuição de sanduíches e refrigerantes, com direito a shows de música, após o discurso de Barack Obama. Em caso contrário, corre-se o risco de se ter por lá um público de Olaria versus Madureira, apesar da presença do homem que controla a nação com maior PIB do mundo.
Vejam só os inconvenientes: ao que tudo indica, será um dia de sol forte e o público será obrigado a chegar com antecedência, penando no calor para esperar a vinda do orador; os espectadores terão de se submeter a agudo exame de segurança, na entrada, tirando cintos, sapatos e talvez até passando por scanners; Obama falará em inglês e restará ao público ler as legendas nos telões ou então ouvir a voz do tradutor, que, em geral, tira a ênfase do discurso original; Michelle Obama – cuja popularidade supera a do presidente norte-americano – não estará presente, nem as filhas do casal; por questão de segurança, Obama ficará atrás de um vidro forte, que possivelmente poderá ofuscar a visão do público. Em resumo, será melhor o carioca optar por ir à praia ou passear e, mais tarde, ver o resumo do discurso na TV.
Aglutinação
A gigante Embraer comprou a produtora de radares Orbisat da Amazônia. Embora represente concentração no setor, é melhor do que a venda dessas empresas estratégicas para estrangeiros, como tem ocorrido.
Japão
Os eventos no Japão terão efeito na economia mundial, com queda no preço do petróleo e redução no consumo de produtos primários, como soja. O minério pode ser uma exceção, devido à necessidade de reconstrução, com aço. Por cautela, não custa nada o Brasil se preparar e uma boa iniciativa seria cancelar a licitação do trem-bala, prevista para 11 de abril – com gasto mínimo de R$ 60 bilhões, em boa parte bancados pelo governo.
Até agora, a disputa parece confirmada. Na semana que vem chega ao Brasil o presidente da Talgo, José Maria Oriol. A Talgo é a gigante espanhola do setor e será uma das concorrentes internacionais ao megalômano projeto.
Rápidas
O Instituto Millenium promove, nesta quarta-feira, no Windsor Atlântica – antigo Meridién – o seminário Liberdade em Debate, junto com lançamento do livro O Estado Babá, do escritor americano David Hansanyi *** Informação constante da revista Moto Adventure: ao entrar na Bolívia, o motoqueiro é instado a dar “contribuição”, em torno de um dólar, aos soldados que cuidam das fronteiras *** Será lançada, dia 4, em Salvador (BA), a coleção de livros História Geral da África, iniciativa do governo brasileiro, com apoio do órgão da ONU para a cultura, a Unicef *** Começa nesta quarta- feira, em Recife, a 11ª Rodada Pernambucana de Moda *** A última de Zé Sarney: alterar medidas provisórias sem ter que reenviá-las à Câmara. Isso é uma aberração inominável *** Será nesta quarta-feira, em Itupeva (SP), o Simpósio SAE Brasil de Dinâmica Veicular *** Agora é definitivo: o Tribunal de Justiça do Pará decidiu que o Centronave é legítimo representante dos armadores nas disputas com as empresas de serviços de praticagem *** A Academia Brasileira de Ciências e o Museu Nacional/UFRJ prometem anunciar novidades nesta quarta-feira, no Rio, como a descoberta de um grande dinossauro que habitou o Brasil *** Na Band, Joelmir Betting fez o sinal da cruz ao anunciar as taxas de juros dos cartões de crédito em fevereiro: 238,3% ao ano. A inflação é inferior a 6% *** A terça-feira foi de bolsa em queda e dólar em alta.