Já presenciei inúmeras apresentações, onde startups e negócios já estabelecidos mais que desejavam atrair investimentos, simplesmente não consideravam nenhuma possibilidade de fracasso. Para eles, nada iria sair errado e pela primeira vez na história um planejamento seria concretizado sem nenhum atraso ou furo.
Nessas situações, quem realiza a apresentação faz malabarismos para irradiar um otimismo contagiante, muita confiança e uma energia de impacto, mas simplesmente não considera o pavor que gera na plateia cética, fria e experiente, composta por analistas treinados a encarar o “não” como algo tão importante e lucrativo como o “sim”.
O fato é que se trata de um momento muito importante para ser desperdiçado.
Então, reunimos aqui algumas dicas:
Otimismo e confiança são coisas diferentes
Analistas de investimentos não querem tratar com otimistas ou pessimistas irremediáveis. A experiência dessa gente ensina que onde existe uma mínima possibilidade de algo dar errado, é justamente o que vai acontecer.
Já empreendedores confiantes, transmitem a ponderada ideia de que, muito embora sejam cientes do enorme desafio e dos prováveis imprevistos, possuem a capacidade necessária para navegar em segurança.
Mas não se esqueça, essa confiança tem que ter o pé na realidade.
Uma postura transmite cegueira, a outra lucidez.
Não esconda os problemas e as suas próprias dúvidas
Nada confere maior credibilidade, do que a verdade nua e crua exposta sem maquiagens, aliada a uma postura conscientemente crítica, sobre o projeto que se pretende desenvolver.
Clareza, objetividade e profundidade
Fuja do “bobajal” corporativo. Analistas detestam essas inutilidades. No lugar disso, apresente um material que reflita sobre a organização, com muita objetividade e profundidade nos números tanto quanto nos conceitos aplicados ao negócio.
Coloque-se no lugar do seu interlocutor
Investidores sentem falta de diálogos e interlocuções, onde sejam compreendidos em suas responsabilidades como gestores de recursos de terceiros.
Eles precisam prestar contas por suas decisões e vão responder pelos fracassos associados. Portanto, analisar um empreendimento que carrega transparência nas informações, e que considera a necessidade disso após a realização dos investimentos, sem dúvida alguma causará grande conforto.
Lembre-se, apresentar uma possibilidade de investimentos não se trata de um exercício de convencimento, é antes de tudo um exercício de análise e julgamento.
Em profundidade.
Sobre o autor
Gustavo Chierighini, atento observador do universo corporativo, é fundador da Plataforma Brasil e membro do conselho editorial da DVS Editora.