Na entrevista dessa edição do Carreira & Sucesso, conversamos com Cláudio Queiroz, administrador de empresas com pós-graduação em Recursos Humanos pela PUC-RJ, Marketing pela ESPM e mestrado em administração pela Faculdade Mackenzie.
Por Caio Lauer, para o jornal Carreira & Sucesso (Catho).
Consultor, palestrante e professor, Cláudio é autor do livro “A Competência das Pessoas” , uma obra que apresenta 16 competências que as pessoas devem identificar e potencializar para desenvolver seus talentos. As empresas se preocupam cada vez mais com o impacto que a falta de capital humano pode causar na sustentação de vantagem competitiva, e o livro, que já está em sua 3ª edição, apresenta as principais competências para o autodesenvolvimento de qualquer profissional. Cláudio Queiroz fala aqui sobre este assunto e sua carreira.
Ótima Leitura!
Cláudio, nos conte um pouco do início da sua carreira.
Com 20 anos de idade, comecei a trabalhar na Caixa Econômica Federal, como bancário, em Fortaleza. A área de Recursos Humanos da CEF requeria que o profissional já tivesse uma certa capacitação, então saí da capital cearense, pedi transferência de agencia bancária para uma no Rio de Janeiro. Fui fazer o curso de pós-graduação no Rio para ir atrás do meu grande sonho que era trabalhar com Recursos Humanos. Após a conclusão do curso, retornei à Fortaleza e comecei a trabalhar como instrutor de RH na CEF.
Além de consultor, você realiza palestras em empresas e instituições, mas também é professor. Em quais faculdades leciona?
Sou professor de Marketing, Recursos Humanos e Estratégias da FAAP, da FIA, da Fundação Getúlio Vargas, do Instituto Saint Paul e sou professor convidado da Unicid. Em todas elas leciono para alunos de pós-graduação e MBA.
Como despertou o interesse em atuar na área de Recursos Humanos?
Sempre quis trabalhar com treinamento e dar aula. Realizei vestibular para Filosofia, mas descobri que não era bem aquele meu caminho e abandonei a faculdade. Logo depois, fiz vestibular para estatística e descobri que ainda não era aquilo que precisava.
Fui fazer vestibular para administração e com apenas uma semana de aula, decidi que faria minha pós em Recursos Humanos. A faculdade de administração foi o primeiro grande encontro com o que eu queria. Já trazia dentro de mim uma vontade muito grande de trabalhar com aula. Quando eu era estudante do ginásio, já era professor de matemática dos colegas de classe que tinham dificuldades.
Acho que muito cedo já se descobre o que gostaríamos de fazer, se fizermos uma análise de nossa vida.
Você é autor da obra “As Competências Das Pessoas”, que já está em sua terceira edição. Porque decidiu abordar essa temática?
O livro é um manual que auxilia os profissionais no autodesenvolvimento. É um livro específico para quem quer montar um plano de desenvolvimento. Hoje em dia, o mercado precisa de profissionais competentes com metas cada vez maiores, com o tempo reduzido, e é necessário pessoal com competências para suprir essa necessidade.
Como você define o conceito de competência?
Competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas que em ação agregam valor ao indivíduo e à organização.
No livro você define 16 competências como as principais a serem trabalhadas pelas pessoas . Existem competências mais ou menos desenvolvidas ou isso varia da área de atuação do profissional?
Existem 16 competências e o mundo organizacional, dependendo do cargo ocupado pelo profissional, requer mais uma dessas competências do que outras. Por exemplo, um jornalista precisa ter a competência comunicação escrita e comunicação falada em uma intensidade maior. Já uma pessoa que atua como líder de equipe, precisa ter a competência liderança maior do que as outras.
Agora, tem competências que qualquer pessoa precisa hoje, como o “trabalho em equipe”. Se o profissional não souber trabalhar em equipe, não conseguirá muito sucesso, pois a individualidade não é mais valorizada pelas organizações. Outra competência essencial é a gestão da mudança, pois o mundo muda constantemente. E a terceira fundamental é o relacionamento intrapessoal, que é você se conhecer.
Em que consiste a “gestão da mudança”?
No meio corporativo atual, temos um grupo grande de pessoas que reclamam muito. Chamo isso de “vitimização”, que é procurar culpados para não assumir a responsabilidade pela sua vida. No momento em que a pessoa procura culpados para não assumir a responsabilidade, encontrou uma desculpa para não agir. Então, basicamente, a gestão da mudança é assumir a responsabilidade pelos objetivos e deixar de culpar os outros pelas não-conquistas.
A partir de qual momento as organizações passaram a avaliar seus colaboradores por meio de competências?
A partir de 1990, com o início da globalização, o Brasil passou a ter uma gestão mais profissionalizada e começamos a ter nível de competitividade com a abertura das importações. E a partir daí, as empresas começaram a ter um cuidado muito maior com recrutamento, seleção e treinamentos. O próprio profissional começou a buscar mais esse autodesenvolvimento.
Antes como era a gestão nas organizações e como é hoje?
Antes das competências serem implementadas no contexto corporativo, as pessoas faziam muito um trabalho em cima de atitudes: se o funcionário era persistente, determinado ou flexível, por exemplo. Mas hoje, as organizações estão mais preocupadas com as suas “entregas”, como eu chamo no livro. É exatamente a quantidade de atividades que você realizou, sua produção.
E como esse colaborador se faz reconhecido?
Se antigamente fosse feita a pergunta: você é um bom jogador de futebol? A pessoa responderia: sou um ótimo jogador. Hoje, a pergunta é a seguinte: quantos gols você fez em determinado campeonato? Porque atualmente, as empresas não querem mais saber que o profissional diga que é maravilhoso, fantástico e brilhante. Elas buscam o resultado, quantas atividades realizou e implementou. A crença das companhias é: se o colaborador conseguiu fazer gols no passado, acredita que fará muito mais gols em um novo time.
Já nos processos seletivos, as competências são identificadas e analisadas. Por que se tornaram um método de avaliação tão bem aceito nas corporações?
As empresas no mundo atual trabalham de uma forma mais pragmática. É por meio de resultados que elas irão contratar o profissional. Por isso que é interessante as pessoas estudarem as próprias competências. O que percebo é que muitos nem sabem o que é “competência” e buscam livros sobre o tema. Na verdade, é necessário, em um primeiro momento, saber sobre as competências das pessoas, pois devem fazer uma autoavaliação.
Como consultor de Recursos Humanos, o que acredita que as empresas atualmente esperam de um colaborador competente?
O que as corporações mais esperam dos profissionais é que tenham competências de gestão da mudança, que saibam trabalhar em equipe e que saibam se conhecer para entenderem o que querem, para serem mais efetivo no dia a dia.
Qual o papel da empresa no desenvolvimento das competências?
Existem muitos gestores que ainda não estão preparados para auxiliar os colaboradores nesse processo. Quando o gestor do profissional não está preparado, é a hora dessa pessoa se preparar sozinha.
A grande questão é a que muitos pensam: já que meu chefe não me ajuda, eu também não vou me desenvolver.
E por meio de quais práticas esse profissional pode se autodesenvolver?
Primeiro, precisa identificar quais são as suas competências. Segundo, quais são os comportamentos de entrega e quais as ferramentas que ele pode utilizar para desenvolver essas competências. Por exemplo, “dar feedback para o empregado” e “determinar as metas para os colaboradores”. No momento em que identificar quais são esses comportamentos, se traça uma autoavaliação.
Quais os conselhos que você deixa para os leitores do Carreira & Sucesso?
O profissional tem que ter muita clareza de quais são os seus talentos, pois muitas empresas só apontam o lado negativo do profissional. A felicidade do profissional vem da oportunidade de mostrar e vivenciar seus talentos e habilidades no dia a dia.