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As empresas, seus empreendedores, e o faminto Leão da arrecadação.

Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro do conselho editorial da DVS Editora.

Imposto

Nos últimos anos, observamos um significativo engajamento do ambiente empresarial ao chamado terceiro setor.

Por engajamento entenda-se: projetos efetivos, investimentos de toda ordem, virtuosas iniciativas, mas como sempre também existe muito discurso. A velha retórica de sempre, mas agora associada à versão 4G da patrulha ideológica: a ditadura do politicamente correto.

Antes de causar qualquer polêmica, preciso deixar algo bem claro: sou absolutamente partidário desse envolvimento nas questões sócio-ambientais. Mais do que isso, vejo nessas iniciativas um necessário e seguro investimento em nossa sobrevivência. De fato acredito nisso.

Mas vou me permitir compartilhar com vocês uma nova abordagem do mesmo tema.

Vamos lá.

Trabalhamos mais de um 1/3 do ano para pagar impostos. São mais de quatro meses totalmente dedicados a isso, garantindo uma das maiores, se não a maior, arrecadação tributária do planeta.

Muito bem.  Com essa cifra bilionária, crescente e como sabemos insaciável, o aparelho estatal tem por obrigação investir em educação, segurança, urbanização, inclusão social, etc, etc, ou seja, no próprio terceiro setor.

Com toda franqueza, não é necessário acompanhar as mazelas nacionais na mídia para ter a certeza inequívoca do quanto essa massa de dinheiro é deficientemente empregada, quando é empregada. Para tanto, basta uma boa observação.

Diante disso me questiono. Estaríamos nos engajando adequadamente? Será que é suficiente e eficaz nos limitarmos aos investimentos socialmente responsáveis, nos esquecendo de cobrar a correta aplicação dos recursos que nos são arrecadados? Não estaríamos assim contribuindo para um modelo de inclusão menos sustentável no longo prazo? Não seria o ato de cobrar de forma estruturada, por si só, uma excelente iniciativa em prol da responsabilidade social?

É totalmente legítimo que as empresas empreendam os seus próprios esforços na área social, com ou sem renúncia fiscal associada, reforçando o seu posicionamento institucional.

Mas acho que não é o bastante. Falta engajamento efetivo. Algo que vá além do “cool”, além daquilo que é, digamos, bonitinho. Algo que nos permita cobrar do Estado para que faça a sua parte.

Enquanto isso, o leão persegue as suas presas, sem nenhuma preocupação com a sua imagem institucional ou com o posicionamento politicamente correto. Ele não se interessa pelo assunto e não está nem aí para falar a verdade, mas segue voraz, eficiente, bravo, faminto.

Boa sorte e até o próximo.