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Qual mundo é possível?

DVS Editora, Victor Mirshawka, Livros Online, Empresas, Negócios

Sempre que a humanidade passa por sérios abalos, como foi o caso dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA,  ou desastres naturais como os terremotos que atingiram recentemente o Haiti e agora o Chile, isso provoca uma grande especulação sobre o que deve ser feito para melhorar a qualidade de vida das pessoas e diminuir os conflitos entre os povos. Do mesmo modo, discussões que envolvem o destino das próximas gerações, como as ocorridas em meio a Conferência do Clima em Copenhague, sugerem uma reflexão sobre qual futuro queremos e é possível para os nossos filhos.

Por Victor Mirshawka.

Segundo Jeremy Rifkin, aclamado autor de livros como O Fim dos Empregos, O Século da Biotecnologia e A Economia do Hidrogênio: “Enquanto o sonho americano agoniza, um novo sonho europeu começa a cativar a atenção e a imaginação do mundo.”

O sonho norte-americano enfatizava a irrestrita oportunidade de cada individuo buscar o sucesso, o que no vernáculo americano, significava geralmente a existência do sucesso financeiro.

O sonho americano concentra-se demais no progresso material do individuo, em detrimento do bem-estar mais geral do ser humano, para ter relevância num mundo de riscos, diversidade  independência crescentes.

É um sonho velho numa mentalidade de fronteira já há muito superada.

Enquanto o ‘espírito americano’ se enfraquece, um novo sonho europeu está se firmando cada vez mais.

É um sonho muito mais adequado para o próximo estágio da jornada humana – um estágio que promete levar a humanidade a uma consciência global compatível com uma sociedade cada vez mais integrada e globalizada.

O sonho europeu antepõe os relacionamentos comunitários à autonomia individual, a diversidade cultural à assimilação, a qualidade de vida ao acúmulo de riquezas, o desenvolvimento sustentável ao crescimento material ilimitado, a descontração à labuta incessante, os direitos humanos universais e os direitos da natureza aos direitos de propriedade, e a cooperação global ao exercício unilateral de poder.

Portanto, o sonho europeu se situa no cruzamento entre a pós-modernidade e a era global emergente, e proporciona a suspensão para transpormos a valo entre as duas eras.

A pós-modernidade nunca pretendeu ser uma nova era, mas antes um período de acaso da modernidade, isto é um momento para julgar as muitas insuficiências da era moderna.

Os pós-modernistas perguntavam-se como o mundo viera a comprometer-se com uma canção de morte.

ð Quais as razões que levaram ao lançamento de bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima, ao estabelecimento dos campos de morte nazistas na Europa, dos campos de detenção do Gulag e dois campos de reeducação maoísta no interior da China?

ð Como chegamos a um mundo cada vez mais dividido entre ricos e pobres?

ð Por que mulheres, negros e minorias étnicas por todo o planeta são discriminados, ou pior ainda, mantidos em estado de servidão, por meio dos grilhões econômicos?

ð Por que estamos destruindo o meio ambiente e envenenando nossa biosfera?

ð Por que algumas nações continuamente intimidam outras e buscam a hegemonia pelo veículo da guerra, da conquista e da subjulgação?

ð Como veio a raça humana a perder seu senso inato de descontração e se converter em andróides mecânicos, chegando a ponto de fazer do trabalho incessante a definição característica e própria da existência individual?

ð Quando e por que o materialismo se tornou um substituto para o idealismo e o consumo se metamorfoseou de um termo negativo em outro positivo?

Bem, é por isso que a sociologia pós-moderna enfatiza o pluralismo e a tolerância dos diferentes pontos de vista que compõe a totalidade da experiência humana.

Para os pós-modernistas, não existe regime ideal ao qual aspirar, mas sim uma miscelânea de experiências culturais, cada uma com seu valor.”

No seu livro O Sonho Europeu,  Jeremy Rifkin explica que o sonho europeu começa onde alguns conceitos da pós-modernidade não se ajustaram, ou melhor, descarrilaram do caminho que a humanidade tomou…

Assim, o sonho europeu é um esforço de criar um novo arcabouço capaz de libertar o indivíduo da antiga cangalha da ideologia ocidental e de integrar a raça humana numa nova história compartilhada, caracterizada pelos direitos humanos universais e pelos direitos intrínsecos da natureza – o que chamamos de consciência global.

Este é um sonho que nos leva além da modernidade e da pós-modernidade, em direção de uma era global, e assim ele acaba criando uma nova história.

O novo sonho europeu é muito importante porque ousa sugerir uma nova história, com ênfase na qualidade de vida, na sustentabilidade e na paz e harmonia.

Numa civilização sustentável, baseada antes na qualidade de vida que no acúmulo irrestrito de riqueza pessoal, com o que a própria base material do progresso moderno seria uma coisa do passado.

O objetivo de uma economia global sustentável é reproduzir sem cessar uma situação presente de alta qualidade equilibrando a produção presente de alta qualidade equilibrando a produção e o consumo humano com a capacidade da natureza de reciclar objetos e renovar recursos.

Uma economia sustentável em estado estacionário é, de fato, o fim da história entendida como progresso material ilimitado.

Dessa maneira, se o sonho europeu representa o fim de uma história, também sugere o início de outra.

O que se torna essencial nessa nova visão européia do futuro é a transformação pessoal, e não o acumulo material por parte do individuo.

O novo sonho europeu se concentra na elevação do espírito humano e procura expandir a empatia humana, e não territórios.

Ele emancipa a humanidade da prisão materialista em que ela se confinou desde os primeiros dias do Fluminense, e a expõe à luz de um novo futuro movido pelo idealismo.

Os europeus hoje trabalham para viver e não vivem para trabalhar!

Embora o trabalho continue sendo essencial em suas vidas, ele por si só não é suficiente para definir sua existência.

Eles põem a descontração, o capital social e a coesão social acima da carreira.

Entrevistados recentemente sobre os valores que julgam muito ou extremamente importantes, 95% dos europeus de uma grande amostra puseram o auxilio aos outros no topo de sua lista de prioridades.

Já 92% das pessoas disseram que era muito importante ou extremamente importante valorizar os indivíduos pelo que são; 84% disseram dar grande valor ao envolvimento na criação de uma sociedade melhor; 79% valorizam o investimento de mais tempo e esforços no desenvolvimento pessoal, enquanto menos da metade (49%) disse ser muito ou extremamente importante ganhar montes de dinheiro, o que levou o sucesso financeiro para o último lugar entre os oito valores classificados na pesquisa.

Os europeus defendem os direitos humanos universais e os direitos da natureza, e estão dispostos a se submeter a códigos impositivos.

Querem viver num mundo de pez e harmonia, e em maior parte, apóiam uma política estrangeira e ambiental para atingir esse objetivo.

Obviamente para que os sonhos se realizarem eles requerem otimismo, a sensação que todos devem ter de que as esperanças podem se concretizar.

Os norte americanos (assim como nós brasileiros…) são cheios de esperança e otimismo.

Já os europeus, como um povo, nem tanto!

Eles têm esperanças moderadas com respeito ao sucesso da sua nova união (e os recentes conflitos étnicos e manifestações de políticas xenófobas, principalmente por parte da Espanha, Itália e Inglaterra demonstram isso).

E as últimas pesquisas de opinião indicam que a geração européia mais jovem é bastante contida no seu otimismo!

E nenhum sonho no seu mais atraente que seja, pode vingar numa atmosfera nublada pelo pessimismo e pelo cinismo que os milhões de europeus hoje sem emprego!

O que pode-se inferir como quase certo é o fato de que, uma era em que o espaço e o tempo estão sendo aniquilados e as identidades se tornam multiniveladas e globais em escala, nenhuma nação poderá andar sozinha, daqui uns 30 anos!

Seguramente, os 25 países que em 2005 estavam compondo a União Européia foram os primeiros a compreender e agir a partir das realidades emergentes de um mundo globalmente interdependente.

Na introdução do O Sonho Europeu, Jeremy Rifkin enfatiza: “Embora eu permaneça visceralmente apegado ao sonho americano, em particular à sua crença inabalável na preeminência da responsabilidade individual e pessoa, minha esperança para o futuro me impele em direção ao sonho europeu, com ênfase na responsabilidade coletiva e na consciência global.

De uma coisa estou relativamente convencido.

O ascendente sonho europeu representa as melhores aspirações da humanidade para um amanhã melhor.

Uma nova geração de europeus está carregando consigo as esperanças do mundo.

Isso confere uma responsabilidade muito especial ao povo europeu.

Faço votos para que a nossa confiança neles não seja deixado ao léu e no final os princípios que orientam a UE tornam-se um conjunto de normas que não levaram a nada que melhore a qualidade de vida da humanidade.

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Escritor por Victor Mirshawka, o Qualidade com Humor, traz temas variados, de competitividade à liderança, de criatividade ao controle de processos, de fé religiosa ao cuidado com a saúde, de empreendedorismo à gestão de talentos, etc. Tudo isso para que o leitor tenha mais sabedoria. O leitor do Qualidade com Humor em todos os assuntos abordados terá também uma pitada de humor, mas sempre com a finalidade de estimular uma análise mais descontraída do tópico descrito com o intuito de elevar mais ainda sua sabedoria superior. Quanto mais um indivíduo desenvolver a sua sabedoria superior, mais saberá tolerar e menos usará a sabedoria inferior para julgar e criticar.