Uma carta de apresentação é uma carta de uma página – veja bem UMA página, a ideia é ser sucinto e ganhar a atenção – introduzindo você e seu manuscrito.
O segredo é torná-la apelativa suficiente para conseguir a atenção do endereçado.
Uma boa carta de apresentação tem duas finalidades:
- fazer o agente/editor ler seu livro;
- tornar fácil para ele contatá-lo e requisitar todo o material necessário para avaliação.
Parece fácil, eu sei, mas a verdade é que o autor desavisado tropeça feio nessa etapa.
A primeira coisa que você deve pensar antes de escrever é no profissionalismo. Ela é muito parecida com uma carta de apresentação para recolocação no mercado de trabalho. Você a endereçará a uma pessoa que nunca viu e que provavelmente recebe centenas de cartas como essa na semana. Portanto, cuidado com o tom e o conteúdo. Nada de: “E aí, Fulano de Tal? Tenho um livro incrível que se compara ao Código da Vinci. Você tem de avaliar meu livro porque sou o próximo Dan Brown”.
Sim, isso acontece com frequência, quando a verdadeira ideia da carta é que você se mostre esperto, profissional e interessante.
Certifique-se, também, de que sua carta está bem escrita e gramaticalmente correta. E, por favor, coloque todas as informações de contato: e-mail, endereço, telefone, celular etc. Isso pode parecer óbvio, mas vocês ficariam assustados com a quantidade de autores que anexa no e-mail apenas os capítulos de amostra do manuscrito, sem que eu tenha uma informação se quer sobre ele ou sobre o livro.
Outro erro comum, do nosso queridíssimo autor desavisado, é parecer desesperado. Quantos deles enviam um e-mail para vários agentes e editores ao mesmo tempo, sem ao menos usar a cópia oculta. Agora, imagine como um editor se sente ao ver todos os seus colegas indiscriminadamente em cópia. É muito provável que ele não leve você a sério. Procure, também, não errar o nome desse mesmo editor ou agente.
Acrescente na carta de apresentação informações sobre seu livro. Essa é a parte mais difícil porque você terá de resumir em um parágrafo do que se trata seu manuscrito e para qual público alvo ele é direcionado.
Mas como eu faço isso? Impossível.
Não, não! É totalmente possível.
Vamos brincar de imaginar. Você entrou em um elevador e para sua surpresa o editor dos seus sonhos está nele. Você não pode perder a oportunidade de vender seu manuscrito, do contrário, nunca mais verá aquele homem na sua vida. No elevador você calcula que tem trinta segundos. O que dirá?
Provavelmente, Dan Brown, autor de Código da Vinci, diria: “O professor Robert Langdon, famoso simbologista, recebe uma ligação enigmática. O curador do Louvre foi assassinado e, próximo ao corpo, a polícia encontrou uma pista codificada. Conforme soluciona o enigma, Langdon se torna o principal suspeito do crime e, para sua surpresa, descobrirá uma sociedade secreta que existe desde os tempos de Jesus.”
William P. Young, autor de A Cabana, tentaria algo como: “Após viver quatro anos de tristeza profunda pelo assassinato da filha, Marc Allen Phillips recebe um estranho bilhete, aparentemente enviado por Deus, convidando-o a voltar à cena do crime: uma cabana. Apesar de desconfiado, ele segue para o local e o que encontra mudará completamente sua vida”.
Sim, eu sei, é difícil ter essa presença de espírito no elevador. Por isso, uma de minhas recomendações no check-list foi você escrever a sinopse antes da carta, antes de qualquer outro contato. Se não der certo na primeira, tente mais algumas vezes.
Além das informações sobre seu livro, a carta de apresentação deve apresentar VOCÊ. Um editor ou agente não está interessado em ouvir toda a história da sua vida, mas quer saber o que você faz e se está qualificado para escrever o manuscrito apresentado.
- Você já escreveu outras obras? Quais?
- Qual sua formação?
- O livro foi baseado em alguma experiência que viveu?
- Conhece o lugar no qual a trama transcorre?
Abaixo faço um resumo das principais dicas:
- Escreva num tom profissional e educado;
- Inclua mais de uma maneira de ser contatado;
- Mencione porque escolheu aquele editor ou agente;
- Desenvolva um parágrafo que resuma sua obra, mas que seja apelativo;
- Explique porque o livro pode ser interessante para o público-alvo.
- Descreva porque você tem competência (reais, viu?) para escrever sobre o tema que escolheu.
E, por favor:
- Não mande a carta para diversos agentes e editores ao mesmo tempo;
- Cuidado para não soar agressivo ou arrogante;
- Não contate um editor/agente que não trabalha com o gênero do seu livro;
- Evite escrever um resumo maior do que um parágrafo;
- Não coloque informações na carta que não são relevantes para o editor/agente (por exemplo, que você adora labradores).
- Siga rigorosamente as instruções de envio nos sites das agências e editoras.
BOM EXEMPLO DE CARTA DE APRESENTAÇÃO
Prezado Sr. McSill,
Anexo você encontrará uma sinopse e três capítulos de O Caso dos Dez Negrinhos.
Baseado num poema infantil inglês, o livro trata-se de um romance policial, com 80 mil palavras, dividido em 15 capítulos.
Dez pessoas são atraídas a uma mansão situada numa ilha deserta na Costa de Devon. Os convidados ouvem uma mensagem num gramofone acusando-os de assassinato. Presos na ilha por uma tempestade, os hóspedes começam a ser assassinado de acordo com um poema infantil encontrado nos quartos. À medida que as mortes ocorrem, negrinhos de porcelana vão desaparecendo um a um da sala de estar. Como não tem mais ninguém na ilha, chega-se a uma conclusão aterradora: um dos hóspedes é o assassino.
Sou escritora com mais de 80 livros publicados por diversas editoras. Minha obra de maior sucesso é Assassinato no Expresso do Oriente com mais de 3 milhões de livros vendidos no seu primeiro ano de publicação. Morei também em Devon, local em que transcorre a história que apresento.
Se o senhor desejar, posso enviar o manuscrito completo, por e-mail ou impresso.
Obrigado pela atenção. Aguardo notícias.
Respeitosamente,
Agatha ChristieRua dos Autores Famosos, 123
Cidade da Escrita, AS – Inglaterra
(11) 5555-0000
agathachristie@escritora.com.br
James McSill – Em um mercado em que menos que 5% dos bons textos conseguem sequer ser autopublicados, mais de 75% dos autores que procedem das consultorias de James McSill atingem a tão almejada publicação comercial. James trabalha em vários países com textos para literatura, teatro, cinema, TV e Storytelling Corporativo. | ©mcsill | james@mcsill.com